domingo, 6 de abril de 2014

ARGENTINA E INGLATERRA - LA MANO DE DIOS

MEU JOGO INESQUECÍVEL DE COPA DO MUNDO

(*) Guto Bicudo, professor de Educação Física



Meu jogo inesquecível de uma Copa do Mundo???? Foi em 22 de junho de 1986.
Dois dias antes, tinha completado dez aninhos de idade. A minha festa de aniversário, no entanto, aconteceu no dia 21/6. Foi quando meu padrinho Galdino me deu de presente uma chuteira do Sócrates e uma camisa listrada azul e branca...

Me lembro que, nos dias que antecederam esse jogo, via a toda hora matérias e imagens de guerra entre os dois países e fui me informar sobre as razões de tanta rixa, de tanta falação. Além das Malvinas, descobri que, na Copa de 1966, o jogador argentino Rattin “zuou” a bandeira inglesa e sentou no tapete vermelho exclusivo da rainha, motivos suficientes para a falação da imprensa, que usava isso para temperar ainda mais a partida.

Acompanhei a Copa inteira e via a seleção da Argentina sempre jogando com muita raça e vontade, além de ter um jogador que começava a chamar a minha atenção: Diego Armando Maradona.

Assisti àquele jogo dos hermanos com meus pais e irmãos e fui o do contra (rsrs). Todos lá torcendo para a Inglaterra e eu com a minha camisa azul e branca nova e torcendo timidamente para Maradona e companhia. O estádio estava lotado, mais de 110 mil torcedores e mais uma coisa começava a mexer comigo: a torcida argentina. Como gritavam e vibravam! Era também o duelo dos Barras Bravas contra os Hooligans.

Dentro de campo, um jogo disputado. Eram nítidas a dedicação e a vontade de ganhar o jogo dos argentinos. Eu só tinha 10 anos de idade, mas já odiava perder. Qualquer coisa. Melhor, podia até perder, desde que se lutasse até o fim e ficasse com a camisa suada, assim como os gringos faziam. Se não dá na técnica, vai na raça.

Fim do primeiro tempo: 0 x 0.

O segundo tempo nem bem tinha começado - e Maradona sobe para disputar a bola com o goleiro Shilton e “discretamente” usa a mão para empurrar a bola para o fundo das redes. Ele ainda deu uma olhadinha para o juiz e saiu para a comemoração (em uma entrevista, mais tarde, ele diria que pediu rapidamente aos companheiros que o abraçassem, para o juiz cair na manha dele). Os ingleses reclamaram, mas o gol foi validado. Foi o famoso gol com “a mão de deus”.

Clima quente, jogo tenso. É aí que Maradona pega a bola no meio de campo e dribla um, dois, três, quatro, cinco, seis jogadores ingleses e marca um gol fantástico, antológico. Um dos gols mais bonitos que já vi. Gol que marcou a minha vida, gol que me fez ver aquela seleção, aquele jogador, aquele país com outros olhos. Era uma seleção que realmente jogava pelo e por seu país.

Os anos foram passando e aquela torcida tímida passou a ser uma torcida declarada. Hoje, já não preciso disfarçar mais (para a “alegria” dos meus irmãos rsrs). Devo ter sido portenho na outra encarnação...

Ah, depois daquele golaço, a Inglaterra ainda cresceu no jogo e fez um gol. A Argentina segurou o resultado e venceu a “guerra”, comemorando muito aquela vitória. Para eles, aquele jogo valia mais do que a própria Copa.


Argentina classificada para a semi-final (contra a Bélgica) e depois para a final, contra a Alemanha. Foi mais um jogo inesquecível.

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